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M. Eugénia Prata Pinheiro

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Brainstorming

Já ganhei.

Tenho pontos para a minha titularidade.

O meu jovem e querido colega contratado Hugo (da idade do meu filho mais velho), apoiando sem reservas o meu acesso a esse quadro de "titulares de quê", cedeu-me os seus 750 pontos. São da TMN e foram muitas as horas de comunicação necessárias para os obter.

Eternamente grata, meu caro.

E nesta onda de solidariedade, uma vez que não preciso de tantos pontos, disponibilizo desde já, aí para mais 4 colegas deste jurássico 10º escalão, os pontos sobrantes. Olhe, caro anónimo, reservo-lhe a primeira fatia. A alma grande do Hugo concordará com esta decisão.

Aliás, imagino que a curto prazo disporá de mais uma boa soma de pontos já que, estando o Hugo a 300 km de casa, os necessários contactos com a companheira, os pais, os inúmeros irmãos, enfim, toda a família de suporte, estão sempre a pontuar.

Aquele querido ainda disponibilizou pontos BP. Embora ande para trás e para a frente sobretudo de comboio, de vez em quando lá corre os 600 km de carro. A CP ainda não dá pontos, mas talvez espreite agora este furo do concurso "titulares de quê" para aliciar professores e sair do buraco económico em que está enfiada.

Um acordo certeiro entre o ME e o mundo empresarial para este negócio das pontuações para professores titulares de quê permitirá atingir largos objectivos. Saliento:

descentrará o poder dos CEs, deixando de serem estes os únicos a distribuir pontos (vulgo - cargos);

desenvolverá práticas consumistas em quebra neste momento de contenção;

permitirá que empresas, muitas delas públicas, saiam da crise em que se encontram;

devolverá emprego privado para muitos jovens controladores desta distribuição de pontuação ao nível das empresas aderentes, reduzindo simultaneamente lugares no público pois deixarão de justificar-se as comissões de certificação, os júris para adicionar pontos, os funcionários administrativos para tratar da papelada; qualquer maquineta lerá os cartões com os somatórios acumulados, podendo, eventualmente, acumulá-los no novíssimo chip do cartão de cidadão;

permitirá que os actuais negociadores, representantes do ME e dos sindicatos de professores, já parcos de ideias e cansados destas rondas de estéreis negociações, vão para a praia que a Prima Vera está aí;

porá em igualdade de circunstâncias todos os velhos professores do 10º escalão, com um recibo igual no fim de cada mês. Claro que terão vantagem os que, no exercício natural das funções de acompanhamento dos iniciados prevista para os "titulares de quê", agreguem à sua volta estes jovens amigos generosos.

E assim, um rápido brainstorming hoje na sala dos fumadores encontrou a solução para este magno problema gerado pelo renovado ECD. Uma resposta rápida para uma questão afinal simples.

Vivam os jovens!
Vivam os velhos!
Fumar faz bem!


segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Titulares de quê

Até aqui, neste mundo dos professores, usavam-se as palavras vulgares do mundo laboral. Havia os quadros das escolas, surgiram depois os quadros de zona pedagógica, os professores tinham vínculo a estes quadros e havia os professores contratados que supriam as necessidades finais. A carreira assentava no tempo de serviço, o que se mantinha dentro dessa linguagem laboral. Todos tinham o título de professores.

Neste novo estatuto mudou-se a linguagem o que está à vista não ser inofensivo. Apareceu um termo novo e inexplicável - o professor titular. Titular de quê?

Aos professores que estão nos primeiros escalões da carreira (até ao ex-7º escalão) está a tentar dizer-se-lhes que na sua maioria pararão no inovador 6º escalão. Dificilmente chegarão a titulares de quê.

À maioria dos professores dos actuais 8º, 9º está a dizer-se que está muito bem onde está. Empanca mesmo aí. Enfim, alguns do 8º e 9º lá andarão pelos inovadores 1º, 2º e 3º dos titulares de quê mas, com o jeito que levam as regras do famigerado concurso para titular de quê, poucos serão os escolhidos. Mas poderão manter a esperança de ir andando e alguns lá aguçarão as unhas para a escalada.

Quanto aos do 10º ganharão quase todos imediatamente o fabuloso título de "não aprovados" e que o santo Alzheimer lhes valha. Atingiram o seu nível de incompetência. Com que cara aparecerão aos seus alunos não sei dizer. (Ainda não me deu para me ir pôr ao espelho a treinar, a escolher, mas será, sem dúvida, cara de caso). Provavelmente nem vão ter alunos, ok. Enquadramento no ECD não vejo que tenham. Nem são professores, nem professores titulares de quê.






sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Os não aprovados

Afinal, ao contrário do que a senhora ministra apregoava, interessa pouco que se tenha dado as aulas, que não se tenha faltado. Interessa é que se tenha tido muitos cargos, que se tenha feito muitos cursos. Se os cargos foram bem desempenhados, se os cursos serviram para alguma coisa, isso não interessa nada.

Se te ocupaste com as turmas que tinhas distribuídas no horário, se te dedicaste a conhecer os alunos, a perceber e estimular cada um, se tentaste preparar as aulas e fazê-las o melhor possível de modo a que os alunos avançassem, se te preocupaste em faltar o menos possível porque os alunos estavam lá à tua espera, então caro/a colega estás lixado/a. Acho até que deixaste de ser professor porque não tens carreira que te enquadre.

Podias ter ido fazer um daqueles cursos do artº 56 do ECD, baldando-te para isso às aulas (ganhavas muitos pontos), podias ter negociado com o executivo a troco de uns abanamentos favoráveis de cabeça uns cargos (reduziam-te as aulas, até podias ganhar horas extraordinárias porque tinhas tanta redução legal que para dar as aulas tinhas, coitado, que fazer horas extraordinárias, e gerias cá fora os teus negócios e ganhavas muitos pontos), podias ter negociado uns clubes (reduziam-te as aulas, os poucos alunos que aparecessem, se aparecessem, não te dariam muito trabalho e ganhavas muitos pontos), podias ter arranjado uns projectos, mesmo daqueles que causam grandes prejuízos aos alunos (ganhavas mais pontos). Presidente da Assembleia também teria sido um bom negócio, pouco cansativo e bem pontuado. Podias até ter-te candidatado para um conselho executivo. Mesmo que só fizesses asneiras, ilegalidades sobre ilegalidades, pequenos crimes, que abusasses do poderzeco que tinhas, que usasses do mais feroz nepotismo, nada disso estava em avaliação e ganharias prestígio e, sobretudo, muitos pontos. (Como as avaliações externas não estão feitas (nem as internas) dou de barato que isto corresponda à realidade de poucas escolas).

Se só te ocupaste das aulas ganhaste 49 pontos, 7 por cada ano;

1 pontito para um satisfaz (ou 5 se te deste ao trabalho de requerer um bom, mas duvido que o tenhas feito);

Admitindo que em dois anos faltaste 2 dias, apenas mais 14 pontos, 7 pontos por ano, 7 pontos mais do que aquele professor que faltou 15, 20, 30 ou 40 dias; em dois outros anos faltaste entre 4 a 6 dias, apenas mais 10 pontos, 5 por cada ano; nos outros anos, por uma qualquer razão, tiveste que ultrapassar os 9 dias de falta, mesmo faltas em período já não lectivo que escolheste para fazer aquela cirurgia ou para acompanhar o pai ou a mãe doente, não ganhaste ponto nenhum.

Assim este belo cenário dá-te 74 pontos.

Vamos até admitir que numa eleição que o conselho executivo não tenha conseguido controlar, ficaste por um mandato de dois anos numa coordenação de departamento, ganhaste mais 12 pontos.

Basta fazer as contas para perceber que estás longe dos 120 requeridos para seres um candidato aprovado.

Não te deixaram fazer aquele mestrado - que queres, és velho, fizeste o curso num tempo em que os alunos razoáveis ou bonzinhos tinham 12 ou 13 valores não tendo por isso média para acesso. Terias mais 15 pontos mas não chegavas lá. Nem com um doutoramento - valeria mais 30, ainda não dava.

Estás a falar daquele exame que tiveste que fazer a meio da carreira para passares para o 8º escalão, até tiveste muito bom, pois é, blá, blá, blá, não conta para nada.

E se aquela já era uma avaliação absurda, esta consegue ser mais.

Que se pretende avaliar? Que se pretende premiar? Que se pretende incentivar?

E a dúvida mantém-se. Há afinal um nível novo para lá dos professores e dos professores titulares. Os não aprovados. Estás lá tu e eu.










quarta-feira, fevereiro 14, 2007

E esta, heim!

Nesta escola de subúrbio poucos são os alunos com computador em casa e menos ainda os que dispõem de ligações à net. Há dias dei o meu endereço electrónico aos alunos de uma das minhas turmas de 5º ano e dois dos alunos comunicaram-me os deles.

Estando em casa a ver os testes da turma, resolvi enviar comentário sobre os respectivos trabalhos a estes alunos. Para um deles seguiu o texto que transcrevo:

Pois ainda bem que agora posso mandar ralhetes por aqui. Não dói nada nem a mim nem aos senhores alunos. Que bom!

E aí vai barafustação pequenina. A tua interpretação no teste está boa. As respostas estão completas e correctas.

O reconto do primeiro episódio que eu pedi (o ataque dos polvos) está bem estruturado. Há uma troca – quem mandou atacar foi a raia, rainha dos mares. Não desenvolveste mas não está mal.

O reconto do segundo episódio está incompleto. Não chegas à parte principal do episódio.

Há umas falhas ortográficas que não podem repetir-se – passava só pode escrever-se assim. Tu separaste o va que faz parte da forma verbal. É a marca do Imperfeito. Levasse e leva-se são formas diferentes que temos que saber distinguir. Distinguem-se pelo som ao dizê-las. Sublinhei a sílaba tónica para que experimentes. Levasse é o Imperfeito do Conjuntivo do verbo levar e leva-se é o Presente do Indicativo do verbo levar conjugado com o pronome se.

Até segunda-feira. Bom fim-de-semana. Não esqueças a escrita do verbo que pedi.

Um abraço.

Eugénia

E lá veio resposta:

olá stora Eugénia, tá-se bem







Significado possível de uma tal resposta:

O sol nasce, dá-nos vida e ilumina-nos.

Antes queria estar na praia, sol, sal, sul...

Isso é que era aceder à porta da mestria.


Pois tá-se bem, tá-se!


terça-feira, fevereiro 13, 2007

Concursos faz de conta

Um professor de matemática apresentou, no início do 2º período um atestado de longa duração. Publicou-se anúncio no jornal abrindo concurso. Das candidaturas entradas, aceitaram-se noventa e tal. Ordenaram-se os candidatos. Concluídas estas formalidades, entendeu-se que o ideal seria colocar um candidato que já estivera na escola no início do 1º período substituindo este mesmo professor doente.

Embora não fosse o primeiro da lista graduada, embora esta preferência não constasse na abertura do concurso, foi este o professor colocado. Significa isto que não houve concurso nenhum mas, para cumprimento do "faz de conta", os alunos estiveram 22 dias sem aulas, os funcionários administrativos tiveram que entreter o seu tempo com toda esta burocracia, deixando para os professores/directores de turma horas de tarefas administrativas a enfiar nos processos informatizados dos alunos números disto e daquilo do pai, da mãe...

Enfim, gestão de recursos pós-moderna. Por sorte, os candidatos não reclamam. Serão bons robots ou é-lhes de todo impossível controlar o processo?

Li num jornal a carta de um professor membro de um conselho executivo lamentando a morosidade do processo (receberam duzentas e tal candidaturas para um horário) e salientando as "recomendações" já recebidas em relação a alguns candidatos.

Há também processos mais discretos. Numa escola estão duas jovens contratadas, em substituições por licenças de maternidade . Querendo garantir-se trabalho até ao final do ano a uma delas, a menos graduada das duas mas a mais "recomendada" (ia dizer bajuladora, mas agrada-me esta suavidade à portuguesa), com umas trocas e baldrocas saíu da manga uma vaga especial que, sem qualquer abertura de concurso, garantirá à jovem "recomendada" emprego até ao final de Agosto (quiça por mais dois anos?), e acumulação de tempo de serviço para os próximos concursos, se os houver. Talvez bastem as recomendaçõezinhas.

E lá vão cantando e rindo estes concursos faz de conta.




segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Leituras do ECD - substituições e componente lectiva



O legislador arrumou no artigo 82º - Componente não lectiva - o assunto substituições. No ponto 7, definindo os termos em que decorre, trata as alíneas a (substituição por permuta) e b(substituição por professor do quadro com formação adequada e componente lectiva incompleta) como componente lectiva, como não podia deixar de ser. Apenas a alínea c pode ser considerada na componente não lectiva.

Fazendo as necessárias articulações, isto mesmo se confirma no ponto 7 do artigo 46º que diz que, para o cômputo do serviço lectivo, é considerada a actividade lectiva registada no horário de trabalho do docente, como também aquela que resulte da permuta de serviço lectivo com outro docente.

Assunto arrumado no que se refere a substituições.

Na organização da componente lectiva, artigo 78º, orienta-se a distribuição de serviço de forma a que garanta um elevado nível de qualidade. No ponto 2 escreve-se que a componente lectiva abrange todo o trabalho com a turma ou grupo de alunos durante o período de leccionação da disciplina ou área curricular não disciplinar. Quer isto dizer, ao contrário do entendimento de alguns conselhos executivos, que as aulas de reforço são parte do horário lectivo do professor da turma. Só assim o professor poderá cumprir cabalmente os seus deveres para com os alunos, descritos no artigo 10º - A.

Se numa turma, numa dada disciplina, uma parte dos alunos revela insuficiências que impedem o progresso e o acompanhamento do trabalho, é ao professor dessa disciplina na turma, que conhece os alunos e os "males" de que cada um enferma, que sabe onde quer chegar com cada um deles, que compete o trabalho de reforço. Não tem sentido que os alunos da turma vão ter aulas de reforço com um professor que não os conhece e que eles não conhecem, professor que poderá usar métodos de trabalho com os quais o professor da disciplina até discorde. Como se pode depois pedir responsabilidades ao professor da turma? Exigir-lhe o êxito dos alunos? Lá se vai o nível de qualidade por água abaixo e todos poderão lavar daí as mãos.

O mesmo problema se coloca aos professores responsáveis pelo trabalho com os alunos estrangeiros na língua portuguesa. Sendo uma actividade nova para grande número de professores , é necessário que preparem aulas e materiais adequados a cada aluno. Trata-se frequentemente de trabalhar com grupos de alunos de diferentes línguas maternas e diferentes idades e níveis de escolaridade. Não se entende que essas aulas (irrisórios 45 ou 90 minutos) fiquem para lá do horário lectivo como aconteceu em muitas escolas, por determinação dos conselhos executivos, nestes dois últimos anos lectivos. Se se trabalha com um grupo de alunos, cabe forçosamente na componente lectiva.







quinta-feira, fevereiro 08, 2007

A pergunta

A pergunta é:


"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Triste campanha.

Campanha abjecta ao portão da escola. As senhoras, pelo menos uma delas catequista na área, entregaram aos alunos de dez, onze, doze anos os seus materiais de campanha pelo não.

Nada mais nada menos que:

bonecos de cerâmica representando um feto (segundo colegas das ciências muito mais formado do que pode estar às dez semanas),

um livrinho sem qualquer identificação de origem com o título "Ame a vida por mim".

um DVD com imagens violentas da prática de abortos.

Tudo serve nesta tentativa de enganar os adolescentes, nesta tentativa de os arregimentar em torno de ideias perversas, de fomentar neles a intolerância e a ignorância.

Numa zona suburbana onde habitam famílias economicamente frágeis, onde por certo muitos daqueles alunos viveram já os dramas relacionados com a prática de abortos clandestinos, são agora convidados a ver os seus familiares como homicidas.

E a pergunta gerada pela confusão aparece ó setora, vai votar a favor ou contra o aborto? É preciso mostrar a pergunta que de facto está a votos. É preciso chamar a atenção para as questões ligadas à sexualidade. É preciso tentar eliminar o espectáculo com medíocre mas cara encenação que se pretende que aplaudam.

Onde estão os criminosos?