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M. Eugénia Prata Pinheiro

sábado, maio 29, 2010

E se ele se fosse embora?

Vasco Pulido Valente no Público

No meio desta melancólica trapalhada, o eng.º José Sócrates não explicou ainda - com princípio meio e fim - qual é a sua política financeira. Onde vai pôr e onde vai tirar. Em que exacta situação fica cada português, por quanto tempo, com que resultados. Dia a dia, o Governo anuncia medidas, neste ou naquele ministério, por esta ou por aquela razão, de que não se percebem claramente nem o alcance, nem as consequências. Não há um quadro completo e lógico, que permita ao cidadão comum ir percebendo o que se passa. Há, ou pelo menos parece que há, uma espécie de pânico e uma actividade improvisada e aleatória, nem sempre clara e coerente. Dá a impressão de que o eng.º Sócrates já não sabe onde está e não tem a menor ideia do que deve fazer para aliviar um pouco a desordem das coisas.

Terça-feira, com a sua sabedoria, o dr. Mário Soares pediu ao primeiro-ministro que fosse à televisão, sozinho, esclarecer e orientar o país, que anda claramente inseguro e perplexo. Ele, como é óbvio, não foi. Não lhe entrou com certeza na cabeça que perdeu a confiança de toda a gente. E, no entanto, basta ler os jornais para se verificar a solidão do homem. Em quarenta anos de política, nunca assisti a um desprezo tão constante, a uma hostilidade tão brutal, a uma unanimidade crítica tão completa. Qualquer pessoa de senso e dignidade tirava as conclusões da situação e desaparecia logo. Sócrates, não. Sócrates resiste, acha ele, a bem da Pátria em perigo. É uma ilusão comum e é também uma ilusão perigosa. O menor incidente pode hoje sem dificuldade acabar com ele. E, de caminho, connosco.

Mais do que nunca Portugal precisa de um primeiro-ministro grave, respeitado, discreto e, principalmente, livre do mais leve sarilho pessoal. A Constituição não impede que Sócrates seja substituído, sem eleições, por outro socialista (de preferência deputado) que o partido escolha: Jaime Gama, por exemplo. Não acredito que a posição financeira de Portugal sofresse com isso. Pelo contrário: a fraqueza e a fragilidade deste Governo não são uma garantia para ninguém. Claro que a troca prejudicava Passos Coelho e Paulo Portas, como de resto, em certa medida, o Bloco e o PC. E que Sócrates simplifica a vida a Cavaco. Mas Portugal ganhava com a remoção de um centro de acrimónia e conflito e com o restabelecimento de uma normalidade, mesmo cautelosa e temporária.




As linguagens

Sócrates não nega ter recebido o sms de Vara mas afirma que só soube da "notícia" pela comunicação social, como todos os portugueses.

Pois claro, a Manela não apresenta mais o telejornal não é texto para uma notícia, seria censurado por qualquer professor de português quando trabalha com os alunos estas matérias. É um 'tás a ver, pá, a gaja já embalou a trouxa, já foi de patins...

Já perdemos a conta!

O que faz falta é esmifrar, esmifrar!

Preço da electricidade desce 1,5 por cento na Europa mas sobe 4,5 por cento em Portugal

Os preços da electricidade para as famílias caíram 1,5 por cento na União Europeia, entre o segundo semestre de 2008 e o segundo semestre de 2009, mas subiram 4,5 por cento em Portugal, segundo dados hoje publicados pelo Eurostat.
Os números do gabinete oficial de estatísticas da União Europeia (UE) revelam ainda que os preços do gás caíram, tanto no conjunto da união como em Portugal, mas a queda foi muito mais acentuada na média comunitária (16 por cento), do que em Portugal (5,5 por cento).

O preço da electricidade em Portugal no segundo semestre de 2009 encontrava-se abaixo da média comunitária (15,94 euros por 100 kWh, contra 16,45 no conjunto dos 27), mas, tendo em conta o poder de compra, era mais elevado (18,61 euros, contra 16,45 na UE).

Quanto ao gás doméstico, o preço em Portugal no segundo semestre do ano passado era superior ao da média comunitária, tanto em termos absolutos (16,52 euros por gigajoule, contra 14,67 na UE), como levando em linha de conta o poder de compra (19,28 euros, contra 14,67 da média da união).


Vinha no caminho a ouvir estes números na rádio e a pensar cá comigo que já perdemos a conta a estas "flutuações". Encontrei os números no anovis anophelis.

sexta-feira, maio 28, 2010

As calças pelo fundo do rabo

Liguei a tv, andei canais fora e apareceu-me num deles um jovem herói da seleção, cujo nome não fixei, com as calças de ganga descaídas, o gancho pelo meio das coxas, cena que lhe deixava umas pernitas curtas, desproporcionadas para o tamanho do herói.

Está a dar que falar a "moda". Mas, ao contrário do que aconteceu com a Bruna desnuda, não vejo agora defender o direito dos catraios a exporem ao público os boxers, cuecas ou ceroulas, copiando estes riquíssimos selecionados. As roupas ditas interiores não terão a mesma qualidade mas cada um mostra o que tem que a mais não pode ser obrigado.

Contrariamente às versões que correm sobre a origem deste uso masculino, eu estou em crer que a coisa foi comandada ou pelas forças policiais ou mesmo pelos professores ou até pelos pais. Com as pernas trancadas por aquela cintura descaída os putos não correm, deita-se-lhes a unha num ápice. É um travão modernaço.

A culpa é nossa - diz Vasco P.Valente no Público

O que tem vindo ao de cima é o acessório. Não se admite, de facto, que o Estado tenha uma frota de 29.000 carros, nem que gaste 90,8 milhões de euros só em gasolina. Ou que haja, ao que parece, 12 motoristas no gabinete do primeiro-ministro ou ministros com quatro e cinco assessores de imprensa. Ou que se gastem em viagens 2.252.679 euros por ano, ou à volta de 1.300.000 numa coisa chamada "brindes promocionais", que estranhamente não incluem o consumo regular de mais 700.000 e tal em agendas de trabalho, daquelas que se trazem no bolso. A lista não acaba e quem tiver a paciência de procurar encontra de certeza extravagâncias muitíssimo piores. Não sei quanto tudo isto custa ao contribuinte. Sei que me enfurece e escandaliza, na medida em que sou "escandalizável" com os vícios da Pátria. Mas também sei que não se trata do essencial.

Quando saímos do PREC e Cavaco, por assim dizer, "normalizou a economia", os portugueses resolveram viver "como na Europa". Depois de 60 anos de miséria, não custa a compreender. Faltava o dinheiro para esse exercício consolador? O país não ganhava, e nunca ganhou, o que gastava? Esse pormenor não comoveu ninguém. Da "Europa" vinham, sob várias formas, subsídios sem fim e, depois do "euro", apareceu, providencialmente, a dívida externa e o crédito barato. Na televisão, os bancos não paravam de oferecer empréstimos. No governo, os governos prometiam um Estado-providência exemplar, inesgotável, único. Na oposição, os partidos berravam sempre que era pouco e que o bom povo, coitadinho, ainda sofria muito.

De ano em ano, o delírio continuou, apesar de um aviso ou outro, invariavelmente atribuído a "velhos do Restelo" e pessimistas profissionais, quando não a reaccionários sem senso ou sem vergonha. Sendo uma sociedade democrática, Portugal precisava de igualdade e fartura. O português precisava de um Estado pressuroso e pródigo desde que nascia até que morria. Excepto por inveja ou mau carácter, quem negava esta gloriosa evidência? O PS de Guterres conseguiu instalar este absurdo como ortodoxia de Estado. O país foi vítima de uma fraude consciente e continuada durante 20 anos. Agora, dia a dia, devagarinho, volta a miséria do costume: na saúde, nas pensões de reforma, no ensino e por aí fora. E as pessoas, sem perceber o que se passa perguntam: de quem é a culpa? De Sócrates, do estrangeiro, do azar? De quem? A culpa é delas.

Gráfico


Furtei do portugal dos pequeninos. Gostei do colorido das barras!

quinta-feira, maio 27, 2010

O consabido ladrão - Público

Por Miguel Esteves Cardoso


Às vezes as manchetes mentem sem querer. No PÚBLICO de anteontem era "Ninguém sabe dos gravadores que o deputado do PS tirou a jornalistas". Não é possível que ninguém saiba. Alguém sabe onde estão os gravadores que Ricardo Rodrigues roubou ao meu amigo Fernando Esteves da Sábado. Mais do que uma só pessoa, se calhar. Ninguém é que não é, de certeza.

A única coisa que sabemos é que os gravadores foram roubados pelo cidadão Ricardo Rodrigues. Não eram gravadores que lhe pertencessem. Roubou-os. Falar em "acção directa" é um ultraje. Qualquer roubo; qualquer assassinato; qualquer violação; qualquer cuspir de tremoços é uma acção directa. É tudo uma questão de propriedade. Não do que é próprio e do que é decente - o sentido piroso da propriedade - mas do facto de os objectos pertencerem a quem os pagou. Ricardo Rodrigues foi um ladrão. Roubou objectos que não lhe pertenciam. O resto é conversa.

Mesmo que Ricardo Rodrigues não tivesse dito nada (ou tivesse tido tudo), nem o silêncio nem o que disse justifica o roubo. A liberdade de expressão é uma coisa. O roubo de canetas e megafones é outra.

Para mais, há um roubo intelectual. É muito menos grave - mas é mais revelador. O ladrão Ricardo Rodrigues roubou os gravadores. Mas também quis roubar as perguntas de Fernando Esteves. Só lhe faltou roubar o vídeo - mas todos os ladrões são incompletos.

Ricardo Rodrigues pode ser inocente de tudo. Menos de uma coisa. É ladrão. É ladrão. E ladrão.

quarta-feira, maio 26, 2010

O colarinho branco e a canja da ralé - Público

Por José Vítor Malheiros

Quiseram aplicar a um homem como Ricardo Rodrigues os mesmos princípios éticos que aos outros deputados


1.Quando alguém mete ao bolso uma coisa que não lhe pertence dizemos que a roubou. Mas há justificações para meter coisas ao bolso. E diferentes nomes para usar nas várias circunstâncias, conforme o estatuto social e político dos autores. Uma senhora bem vestida que meta na carteira um perfume, numa loja elegante, distraiu-se - e um engano toda a gente tem. Uma mulher que o faça num supermercado suburbano comete um furto que a sociedade não pode permitir. E um banqueiro que esconda num offshore os milhões que ganhou por vender títulos tóxicos aos incautos clientes é um pilar da sociedade que contribui para o desenvolvimento económico. Esta é a base da sociedade e querer subvertê-la é fomentar o caos e a anarquia. E o sistema judicial existe para garantir a sua subsistência.

Quando um deputado rouba alguma coisa também não se trata exactamente de roubo-roubo, como se fosse um maltrapilho qualquer. Pode dizer-se que o deputado se apropriou, tirou ou "roubou" e "furtou", mas entre aspas.

Quando o deputado do PS Ricardo Rodrigues roubou dois gravadores a dois jornalistas fê-lo com um hábil golpe de mão, como se nunca tivesse feito outra coisa na vida, mas esclareceu que tinha "tomado posse" deles, como teria feito se se tratasse de um cargo oficial. A hierarquia do partido compreendeu aliás o seu gesto e desculpou-o, pois foi provocado pela "violência psicológica insuportável" a que foi submetido pelos jornalistas que o entrevistavam. E todos vimos como os jornalistas da Sábado tiveram a crueldade de o torturar com perguntas sobre temas incómodos, como se não soubessem com quem estavam a falar.

Seria conveniente que não se esquecesse que o deputado é membro do Conselho Superior do Ministério Público e da Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, além da Comissão para o Acompanhamento da Corrupção e outras coisas mais.

Ricardo Rodrigues não roubou os gravadores para os vender na Feira da Ladra e sacar vinte euros para comprar umas ganzas. Isso seria escandaloso. Fê-lo apenas para ver se impedia a publicação de uma entrevista que abordava temas que não lhe convinham. Tratou-se de um pequeníssimo atropelo à liberdade de imprensa e de informação, mas do mais puro colarinho branco. Não é furto, mas apenas um acto irreflectido, compreensível, já esquecido. E o seu passado não é para aqui chamado porque não é disso que estamos a falar. Nem o facto de o deputado ter mentido ao Parlamento, à imprensa e ao país sobre o que fez aos gravadores. Querer que um homem como Ricardo Rodrigues obedeça aos mesmos princípios éticos que os outros deputados é uma afronta. Francisco Assis disse-o melhor que ninguém: ninguém pode julgar Ricardo Rodrigues.

2.As medidas de contenção das prestações sociais recentemente apresentadas pelo Governo no âmbito do PEC têm de ser lidas à luz da mesma lógica, que distribui direitos e deveres de acordo com os méritos das pessoas: seria impensável pedir a pessoas de posses, a pessoas de qualidade, a pessoas daquelas de que o país não pode prescindir, que pagassem a crise provocada pelos actos de contabilidade criativa que os corretores e os banqueiros fizeram nos últimos anos e pelos buracos orçamentais criados para colmatar os défices dos bancos. Como o seria combater a fuga de capitais para os paraísos fiscais, ou a fuga ao fisco de pessoas que não sejam trabalhadores por conta de outrem. Tratar-se-ia de uma violência psicológica insuportável.

Os pobres já estão habituados a poupar e a apertar o cinto e quase não vão notar a diferença. Os ricos não o sabem fazer. Fá-lo-iam mal. Os desempregados, os recipientes do rendimento mínimo, os trabalhadores precários são peritos na arte de rapar o tacho. Fazem-no há anos, há gerações, há séculos. E atingiram uma eficiência que um banqueiro nunca conseguiria. E, em alturas de crise, temos de apostar na eficiência, temos de entregar a cada um as tarefas que melhor desempenham. Alguém pensa que um gestor de uma grande empresa poderia viver com 1000 euros? Nem vale a pena tentar. Um pobre consegue alimentar uma família de seis com 800 euros. Sabe fazer canja de miúdos de frango e um guisado com um osso de vaca, sabe quais são os medicamentos da receita que não precisa de aviar, conhece as lojas onde pode comprar sapatos e sabe remendar a roupa. Ninguém o faz tão bem como os pobres. É o talento da ralé. Por que se há-de tentar que sejam os ricos a pagar mais impostos e a gastar menos? (jvmalheiros@gmail.com)

sexta-feira, maio 21, 2010

Ai, ai, senhor Osvaldo...

Estava longe de jornais, televisões, computadores quando veio à luz o episódio da menina Bruna.

Pensei que estava arquivado. Afinal não. Serve para declarações inflamadas em defesa da professora, da sua permanência na escola.

Ora eu que costumo tentar passar a ideia aos alunos de que não devem ser objectos nem devem deixar que os tratem como objectos, vou ver-me atrapalhada para passar o recado com a menina das fotos da playboi ao lado.

Acho que a Bruna brilhará mais e será muito mais bem paga num banco ou numa casa comercial onde poderá atrair para o balcão dezenas de basbaques. Qualquer banqueiro, gestor ou empresário empreendedor apreciará devidamente o seu currículo.

Uma ideia para o senhor Osvaldo de Castro - que tal pôr a menina a vender títulos do tesouro?

quinta-feira, maio 20, 2010

Eheheheh!

Será que vai haver gente para passear do Poceirão ao Caia?

Que tem o Caia a menos que Madrid? E o Poceirão a menos que Lisboa?

O amigo Zapatero não quer dançar el tango com o José Sócrates, tango(a) a grande velocidade.

quinta-feira, maio 13, 2010

Mais PECaminosas medidas

Está-se mesmo a ver...

É o mesmo receber no final do mês 2378 euros ou receber 10000, 40000, 80000, 120000 e por aí fora. Aumento igualitário no IRS!

É o mesmo pagar o IVA por um quilo de arroz ou pagá-lo por uma braçadeira de ouro. Aumento de 1% para todos!

Talvez esteja bem assim, que a quadrilha que nos governa não dá ponto sem nó - comer braçadeiras de ouro estraga os dentes todos!

Shiu!


Os professores que estão a aplicar as provas de aferição devem registar as ocorrências anómalas mas, como aconselharia o diácono Remédios, devem registá-las "com cuidado". Se um aluno do 4º ano não consegue fazer nada na prova porque não sabe ler, não se pode escrever tal coisa no papel. Shiu, shiu.

Mas em Portugal "o povo é sereno" ...

... (só "espanca a mulher" no abrigo do lar)


Furtei de o cachimbo de magritte

«A notícia da minha morte é um pouco exagerada»

Nós estamos num estado comparável somente à Grécia: mesma pobreza, mesma indignidade política, mesma trapalhada económica, mesmo abaixamento de caracteres, mesma decadência de espírito. Nos livros estrangeiros, nas revistas quando se fala num país caótico e que pela sua decadência progressiva, poderá vir a ser riscado do mapa da Europa, citam-se a par, a Grécia e Portugal.

Eça de Queiros, As Farpas, 1872.

terça-feira, maio 11, 2010

Reuniões, concertações...

Unidade de Aferição em obras, toca a andar para mais longe. Setenta quilómetros ida e volta. Escola novíssima do 1º ciclo, inaugurada por suas excelências em janeiro. Chego a tempo de assistir à saída das aulas da pequenada. Muita escada para descer correndo, muitos arrastando toc, toc, toc pelos degraus fora os tróleis. Mas há um elevador disponível para meninos com dificuldades motoras.

Depois de limpeza sumária das salas, encaminhamo-nos para as reuniões. Novidades - mesas de trabalho individuais (infelizmente de tampo horizontal - não se entende por que fica esquecida a inclinação que limita dislexias) com prateleira de apoio; cabide para casacos e suporte para os guarda-chuvas; dois armários; bancada com lavabo e torneira de água corrente; um computador; dois quadros de material sintético branco. Não vi mapas, nem projetor. Mas lá estava o aparelho de ar condicionado que uma colega da organização se propôs ligar - recusamos o dispensável luxo, que o ambiente estava ameno, e rimo-nos pensando nos barracões onde diariamente trabalhamos.

Começamos pelas trocas dos necessários contactos, seguidas do coro de lamentações - somos sempre os mesmos destacados para a tarefa, eu estou tão sobrecarregada, se fôssemos mais teria cada um menos provas para classificar... - lamentações que aliviam raivas e registo na ata no final. Fizemos o trabalho previsto e chegou o momento da entrega das provas. Estavam no grupo quatro suplentes. Um entrou a substituir uma ausência. Os outros, embora dispostos a colaborar, ficaram de mãos a abanar - o malandro do computador não iria aceitar a redistribuição das provas - tal foi a justificação apresentada pela responsável pela unidade de aferição. Ai, ai!

Fiquei para trás a redigir a ata e, ao sair, vi numa das salas um grupo ainda a trabalhar, conduzido por um coiso-show que a supervisora ia manejando. Cof, cof...não me fez falta nenhuma a parafernália!

Tolerância de ponto

Entendi hoje de manhã o significado da expressão. Tive de ser tolerante com o meu ponto e sair de casa duas horas mais cedo para não ficar barrada no caminho habitual ou para não ter de fazer uma enorme volta para chegar à escola. Sem registo em qualquer ponto, as duas horas são à borla - dádiva de ateu para a encenação montada.

segunda-feira, maio 10, 2010

Ouvi na rádio

Querem fazer manuais para explicar as leis! Disse-o aquele engraçado Tiago Silveira que quando era secretário de Estado na Justiça se indignou com a bastonária dos notários por a senhora ter aplicado a lei e ter tornado públicos contratos que eram públicos. Com o manual talvez a senhora tivesse entendido a "medida da lei" e não se tivesse atrevido a cumpri-la!

O jornalista que o ouvia fez a pergunta óbvia - em vez de manuais a explicar as leis não seria melhor fazê-las claras, entendíveis? O homem engraçado acha que não. As leis têm forçosamente de ser rebuscadas porque tratam matérias dificílimas bem acima do entendimento do cidadão comum. É que nem a sintaxe corrente serve para a sua construção. É tudo muito "altamente".

Temos de ser pacientes, muito pacientes. Mas podemos rir que rir faz muito bem à saúde.

domingo, maio 09, 2010

Pela cidade empapada...

... vai grande campanha misógena - o pai é que lhes ensinou (quase) tudo, a amar, a confiar, a escutar...

Afirmação subliminar do machismo do sistema - dizem-me do lado.

Brrrrrr.

Critérios

Que razões levaram a alterar a codificação das provas de aferição de português?

Dantes nos itens em que se pretendia verificar se os alunos compreendiam e interpretavam o que liam a atribuição do código não tinha em conta a correção formal. Na parte dedicada à produção escrita verificava-se a qualidade dessa expressão. Parecia-me bem. No ano passado introduziu-se uma marca de incorreção formal. Não achei mal. Mantinha-se completamente a perceção de que o aluno compreendera ou não - os códigos mantinham essa função - e havia o indicador de falhas na escrita. Este ano atropelou-se tudo. Em alguns dos itens deixa de ser possível perceber por que foi atribuído um determinado código, se foi porque o aluno não compreendeu ou porque compreendeu mas falhou na escrita. A análise ficou viciada.

Ao que parece o GAVE, a partir de todas as grelhas de classificação, disponibiliza às escolas o levantamento das produções, aluno a aluno, turma a turma. Com tudo aquilo informatizado, é fácil pôr um programa a fornecer esses dados. Mas nada disto chega aos professores. Nem estes dados nem as provas que, sendo reenviadas às escolas, seguem diretamente para o arquivo morto. Aos professores chegam apenas os dados globais - houve tantos por cento de negativas - e a distribuição dos seus alunos pelos níveis A, B, C, D, E.

Talvez por conhecer esta realidade, por perceber quão inúteis são estas provas para a melhoria do trabalho dos professores, surge este ano esta balbúrdia nos códigos na parte da compreensão/interpretação. O anterior rigor da notação não servia para nada e deste modo põem-se a salvo da crítica patética à "não consideração da correção escrita" nesta parte da prova.

Lá vamos na onda. Mas voltarei a requerer o acesso às provas dos meus alunos. Provavelmente vai ficar de novo sem resposta mas "água mole..."

E toca a estudar o acordo ortográfico, senhores professores classificadores, para não contabilizar como erros o que afinal está de acordo com o acordo. Preparem-se para as viagens cheias de pretéritos perfeitos, na 1ª pessoa do plural, de verbos da 1ªconjugação sem o acento - preparamos as malas, compramos os bilhetes, entramos no comboio... Como foi acento que nunca me fez falta, requiescat in pace. R.I.P., R.I.P., R.I.P.

sábado, maio 08, 2010

Para não cegarmos...

...para não enfiarmos as crianças num parque a ver o canal baby.

Imagens de pensamento,
Walter Benjamin, trad. de João Barrento, ed. Assírio & Alvim


É estultícia pôr-se a meditar profundamente, pedantemente, sobre o fabrico de objectos - material didáctico, brinquedos ou livros - destinados às crianças. Desde as Luzes que essa é uma das mais bafientas especulações dos pedagogos. A psicologia, que os cega, impede-os de ver como a terra está cheia dos mais incomparáveis objectos de atenção e de exercício infantis. E dos mais adequados. As crianças gostam muito particularmente de procurar aqueles lugares de trabalho onde visivelmente se manipulam coisas. Sentem-se irresistivelmente atraídas pelos desperdícios que ficam do trabalho da construção, da jardinagem ou das tarefas domésticas, da costura ou da marcenaria. Nestes desperdícios reconhecem o rosto que o mundo das coisas volta para elas. Com eles, não imitam as obras dos adultos, antes criam novas e súbitas relações entre materiais de tipos muito diversos, por meio daquilo que, brincando, com eles constroem. Com isso, as crianças criam elas mesmas o seu mundo de coisas, um pequeno mundo dentro do grande. Não se devem perder de vista as regras deste pequeno mundo das coisas quando se pretende criar especificamente para crianças sem deixarmos que a nossa actividade, com tudo aquilo que são os seus requisitos e instrumentos próprios, encontre o caminho que leva a elas, e só esse.

No I - entrevista


Ouvimos o Jorge Silva Melo
e ficamos a pensar em algumas coisas.

sexta-feira, maio 07, 2010

A avaliacão no concurso

A sentença produzida pelo tribunal administrativo de Beja.

quinta-feira, maio 06, 2010

Tremuras e ternuras

Uma jovem estrangeira, que parece ter trabalhado bem, confessa:

- Ó setora, quando uma professora que estava na sala avisou que tínhamos quinze minutos para acabar a primeira parte, eu ainda nem tinha chegado ao "funcionamento da língua". Fiquei a tremer até ao fim. Fiz tudo à pressa a partir dali...


Não seria possível construir uma Coisa de dimensão acertada? Será que se testa antecipadamente com crianças representativas do universo diverso a que a prova vai ser aplicada?

E há "ternuras".

Alguns professores aplicadores ficarão tentados a "comover-se" com a atrapalhação em que vêem os jovens e darão umas dicas. Ora. Não vão as crianças, a quem nunca foi exigido que descodificassem sozinhas os textos, as instruções para o trabalho, ficar traumatizadas! Não vão os professores ficar mal vistos, não vá a escola ficar mal no retrato... E, cá para nós, a prova do 4º ano puxava mesmo por estas "ternuras" tal a dimensão e dificuldade da obra...

Do blogue do Octávio Gonçalves

Já o repeti vezes sem conta, mas não me canso de sublinhar esta evidência: em política, nenhum processo arbitrário, injusto e desacreditado pode produzir qualquer resultado aceitável, seja para que efeito for. O 1º ciclo de avaliação do desempenho foi uma farsa absoluta, pelo que nenhuma tentativa de o validar resultará, seja para efeitos de políticos arrogantes e equivocamente infalíveis salvarem a face, seja para oportunismos ou estratégias negociais de circunstância.
Só existe uma solução decente para lidar com as políticas educativas falhadas de Sócrates: atirar este modelo de avaliação ao lixo e anular todos os efeitos do 1º ciclo de avaliação, optando-se uma decisão administrativa de classificar todos os professores com Bom.
Estou absolutamente convicto que isto acabará por acontecer, sendo apenas uma questão de tempo.
O dramático é que, entretanto, as crianças e os jovens vão assistindo ao espectáculo vergonhoso de terem uma tutela da Educação, quer condenada por desobediência ao Tribunal, quer desnorteada a insistir obstinadamente em decisões absurdas e injustas ou ocupada a fazer e desfazer, sem tino, medidas de política educativa.
Ao mesmo tempo, são confrontados com responsáveis políticos deste PS de Sócrates a contradizerem-se em Comissões Parlamentares, a furtarem gravadores, a tentarem controlar a comunicação social ou a precipitarem-se, estranhamente (porquê a pressa?), para obras megalómanas que arruinarão as finanças do país.
Nada de grave para os paladinos da educação socrática, a pior mancha de incompetência e de vergonha que alguma vez se abateu sobre o Portugal democrático.

quarta-feira, maio 05, 2010

Aferições/2010

Extensas. A primeira parte é demasiado extensa.

Os alunos são convidados a trabalhar à pressa e à toa. Poderão acertar aqui e ali, deixar para trás as respostas que implicam maior elaboração e, ainda assim, chegar ao C, ao nível médio.

Serve para quê? Ficará claro que são (ou não) capazes de compreender, de interpretar?

Prova de aferição de Língua Portuguesa para o 4º ano

Critérios de classificação da prova de 4º ano

Prova de aferição de Língua Portuguesa para o 6º ano

Critérios de classificação da prova de 6º ano

terça-feira, maio 04, 2010

Tempos de crise dourados?

Robert Kurz
TEMPOS DE CRISE DOURADOS?
"Receamos pelo nosso dinheiro!": as manchetes da imprensa sensacionalista falam ao povo, mais uma vez, a partir da sua alma da mercadoria. Ontem era o choque da queda do imobiliário e da crise financeira global subsequente, agora é o choque da falência do Estado grego, ao pé da porta, que aumenta a incerteza geral. Com cada novo caso vai-se revelando o encadeamento do crédito malparado, o qual vai tão longe que, mesmo a grande distância, há vítimas. Não é por acaso que o agudizar das contradições se concentra no dinheiro, como meio e fim em si mesmo da “riqueza abstracta" capitalista (Marx). Isso levanta novamente a questão há muito tempo reprimida da substância e da ancoragem institucional do próprio dinheiro. Até à Primeira Guerra Mundial não havia qualquer problema, por causa da vinculação de todas as moedas centrais ao ouro. Nas economias de guerra e na crise económica mundial teve que ser cortado esse vínculo. Da necessidade fez-se virtude; Keynes chamou ao ouro "relíquia bárbara".
Após a Segunda Guerra Mundial, o sistema monetário de Bretton Woods foi inicialmente ancorado ao dólar, como dinheiro mundial, pois este era a única moeda ainda convertível em ouro. Desde que esta última ligação também foi revogada, em 1973, o sistema monetário mundial entrou em livre flutuação das moedas, com incerteza crescente nos câmbios. O keynesianismo desfez-se numa inflação antes conhecida apenas como resultado das economias de guerra. A doutrina monetarista do neoliberalismo ainda prometeu uma estrita limitação da oferta monetária, mas mesmo esse compromisso puramente formal foi liquidado desde a virada do século, sob o impacto do estouro das bolhas financeiras e, de facto, substituído por uma “política de taxa de juros zero” dos bancos centrais. Agora, a inundação de dinheiro, com que foram alimentadas as conjunturas de deficit, desagua numa crise aos solavancos dos mercados financeiros e das finanças públicas. Entre os economistas há cada vez mais vozes namoriscando com uma “remonetarização” do ouro para, numa espécie de golpe libertador, restabelecer a estabilidade monetária.
Mas não se pode fazer o relógio andar para trás. Como já Marx mostrou no segundo volume de O Capital, a produção de ouro como base do sistema monetário constitui um encargo improdutivo, que hoje representaria cerca de 5 por cento do produto interno bruto; aproximadamente da mesma ordem de grandeza que o complexo militar-industrial, igualmente improdutivo do ponto de vista capitalista. Mas o problema é mais profundo. O desacoplamento do dinheiro da sua substância de valor corresponde ao desacoplamento das mercadorias da sua substância de trabalho. O sistema de preços já é apenas formal e paira, por assim dizer, no ar. Esta é apenas outra maneira de dizer que as forças produtivas não mais podem ser representadas na forma do valor, como Marx previra. Depois de um longo período de incubação, desde 1973, esta situação repercute-se agora à superfície, como crise do meio que é o dinheiro. Não por acaso a crise passou rapidamente dos mercados financeiros para os garantes estatais da moeda. Os elos mais fracos da cadeia quebram primeiro, como sempre, mas o problema é comum. Como, presentemente, um socialismo para além da lógica da valorização e do seu meio próprio parece inconcebível para a consciência pública, as medidas de emergência desencadearão apenas novas contradições, que se farão sentir cada vez mais rapidamente. O regresso da "relíquia bárbara" não conseguiria dourar os tempos de
crise, mas apenas trazer o carácter fetichista do modo de produção dominante à sua derradeira reconhecibilidade.

Original GOLDENE KRISENZEITEN? in www.exit-online.org. Publicado em Neues Deutschland, 30.04.2010

segunda-feira, maio 03, 2010

PECaminosas medidas

Ando a remoer...

Lendo por aí as medidas que a Grécia se prepara para adoptar vou dando conta que parte delas já há mais de um par de anos foram "implementadas" por aqui - já ardemos com a idade da reforma e penalizações mais ou menos embrulhadas, congelamentos de salários, bloqueios múltiplos na progressão de carreiras. Apesar disto o deficit foi galopando. É verdade que avançaram uma série de negócios mafiosos - a começar nos bancos e banquetas e noutras ladroeiras organizadas por esses mexidos administradores cuja dimensão nunca iremos conhecer...

Preparam agora escandalosos cortes nos subsídios aos que penam sem emprego, sem qualquer fonte de rendimento que assegure a subsistência. Mas as obras faraónicas seguirão o seu curso a começar pela dispendiosa e estúpida muralha que permitirá a circulação do comboio de alta velocidade que nos há-de esmagar (se deixarmos, se nos pusermos debaixo dele).

E os artistas que nos vão metendo as mãos todas nos bolsos, lá vão enchendo os bolsos próprios mais os dos amigos. E ninguém corre com eles.

Ah, pois, a visita papal trará pela certa milagre...